terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Atletas da equipe SESI fazem aula de SURF no Guarujá

No ultimo dia 07/01 os atletas de atletismo do SESI fizeram uma aula de SURF adaptado no Guarujá com o grande professor e também atleta com deficiência Alcino da Silva Neto (Pirata), segue trechos matéria do site  Waves sobre a vivência dos atletashttp://waves2.surfdata.com.br/surf/noticia/diversao-garantida-no-guaruja-(sp)/50920#.TxCPE1j44U4.facebook:


Diversão garantida no Guarujá (SP)
Por Fábio Maradei em 13/01/12 00:01 GMT-03:00
 
Atletas paraolímpicos do atletismo brasileiro participaram de aulas de surf na praia de Pitangueiras, Guarujá (SP).

Alcino José da Silva Neto, o Pirata, foi o orientador do projeto. O surfista é um ícone do surf adaptado e comanda a escola Pirata Surf Club, que constantemente se envolve em ações sociais.

Um grupo com sete atletas, que frequentam no Centro de Treinamento de Alto Rendimento do SESI (Serviço Social da Indústria), em Santo André (SP), tiveram uma aula de surf e aprenderam que o esporte pode ser uma fuga ao stress, já que os atletas estão em fase de preparação para os Jogos Paraolímpicos de Londres.

A iniciativa partiu de Marco Aurélio Lima Borges, que pratica arremesso de peso e lançamento de disco. O atleta entrou em contato depois de conhecer o programa de surf adaptado chamado Surfing for All (surf para todos), desenvolvido pela ISA (International Surfing Association).

Pirata pratica surf adaptado há 25, depois de ter a perna esquerda amputada, quando um motorista embriagado o atropelou enquanto pilotava sua moto. O professor e sua esposa, Maria Gabriela Carreiro, psicóloga e administradora da escola, acharam a aula motivadora.

“É muito bom ver outra modalidade prestigiando o surf e poder interagir e apoiar pessoas que representam tão bem o Brasil”, comenta o professor.

“Por serem atletas, com condicionamento e grau de mobilidade muito bom, a aula foi tranquila. Eles não precisaram de pranchas adaptadas. Alguns surfaram de joelho, outros em pé, com prótese. Foi uma emoção muito grande para todos”, completa Maria Gabriela.

Para os atletas, a emoção foi evidenciada nas palavras, nos gestos, na alegria ao saírem do mar.

“Participar do surf adaptado foi fantástico. Não ter ficado em pé de primeira já é coisa de Deus e vou voltar na semana que vem. Quero ficar de pé, sentir aquela sensação de liberdade”, comenta Marco Aurélio, idealizador da atividade.

Aos 34 anos, o atleta sofreu acidente de moto e passou por uma amputação abaixo do joelho. Conheceu o esporte paraolímpico em seu processo de reabilitação em 2004 e dois anos depois foi para o atletismo.

Na mesma temporada tornou-se recordista sul-americano e, em 2007, foi convocado para os jogos Parapan-Americanos. No ano seguinte, representou o Brasil nos Jogos Paraolímpicos na China, sendo oitavo colocado e o melhor da América do sul.

As conquistas não param por ai. Marco ainda é campeão brasileiro de levantamento de peso desde 2005 e um grande divulgador da modalidade no Brasil e mundo.

Renato Nunes da Cruz, velocista nos 100, 200 e 400 metros rasos, também mostrou muita animação.

“Pegar onda é uma coisa louca. É um sonho de adolescente. Quando somos jovens, achamos isso distante, muito elitizado, mas pegar onda é um grande lance, um esporte barato e bacana. Eu me sinto hoje realizado como um menino. Estou muito feliz”, afirma o Renato.

O atleta sofreu um acidente de trabalho, em 2004. Um equipamento de 400 quilos caiu sobre a sua perna esquerda, o que levou a uma amputação abaixo do joelho. Entrou no atletismo há quatro anos, como meio de qualidade de vida e quando voltou ao trabalho, encontrou um atleta corredor que o desafiou a participar de uma corrida, e provou que pessoas sem perna podem correr.

O fundista Ezequiel Marcelo da Costa, também conseguiu ficar em pé na prancha e comemorou muito. Em 1990, ele sofreu um acidente na empresa em que trabalhava e teve seu braço decepado.

Atleta paraolímpico desde 1997, atualmente Ezequiel é o segundo melhor corredor do Brasil na modalidade. Foi campeão da maratona de Nova York e de Miami, e este ano espera conseguir o índice para as Paraolimpíadas de Londres.

“Achei uma loucura surfar. No principio pensei que não ia conseguir, Depois de várias tentativas consegui ficar em pé na prancha. Foi onde bateu a adrenalina. O Pirata deu esta oportunidade e quero voltar para pegar mais onda com a galera”, diz o surfista.

Ademar de Souza, 48, atleta dos 800 e 1.500 metros não teve tanto êxito, mas festejou ter ficado uma vez em pé.

Aos sete meses de idade sofreu de Osteomielite, que gerou deformações em ambos os braços. Aos vinte anos fazia luta, dava aulas para crianças desfavorecidas para tirá-las das ruas.

Começou treinar com elas, correr maratonas, São Silvestre e, em 2005, conheceu o esporte paraolímpico passando a se dedicar mais a ele.

“Essa semana recebi o convite para vir com o pessoal conhecer o Pirata e a escola de surf. Achei
muito bom e apesar de ter me esforçado, não consegui ficar várias vezes em pé. A sensação foi ótima e, por isso, vou fazer mais aulas e treinar em outros lugares”, analisa Ademar.

Outro bem animado foi Wander Luiz Armando, mais conhecido como Wander Negão e atleta do arremesso de peso e lançamento de dardos.

“Eu viajei. Fui para outro mundo. Gritei bastante, delirei e vocês ainda vão ver o Wander Negão ficando em pé. Vou voltar outras vezes”, brinca o atleta.

Outro velocista, Rodrigo Luciano da Silva, teve paralisia cerebral e quando conheceu Marco Aurélio, se dedicou ao atletismo, primeiro no lançamento de disco e arremesso de peso e depois passou a ser velocista.

“Não tenho muitos movimentos, mas foi uma experiência muito boa. As pessoas que nunca fizeram aula de surf adaptado precisam conhecer, porque é muito bom”, alertou Rodrigo, que hoje é o melhor do Brasil na sua categoria.

José Henrique, está no atletismo desde 2001 e sofre de uma deficiência intelectual moderada, por complicações no parto. “Achei o máximo. Muita adrenalina. O projeto está de parabéns”, comentou o atleta.

Recentemente, Pirata também comandou uma aula para atletas da nova geração do atletismo.

Cerca de 100 crianças do IVCL (Instituto Vanderlei Cordeiro de Lima), de Campinas, aproveitaram a confraternização de final de ano da instituição para conhecer o surf. Além de aulas de iniciação ao surf, os alunos puderam praticar vôlei, futebol, frescobol e até peteca.

“Com certeza, foi um momento mágico para muitas crianças, que estavam vendo o mar pela primeira vez. Um esporte em total contato com a natureza”, comenta Gabriela Salek, da coordenação do IVCL.

O Pirata Surf Club existe há 17 anos, sendo que há cinco foi criado o Museu Aberto do Surf, que recebe o projeto social de vários estados, com aulas de surf gratuitas e toda a estrutura necessária.