segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Paralimpíada deve deixar legado para pessoas com deficiência

Para o esporte paralímpico brasileiro, o resultado final dos Jogos Rio 2016 vai além dos pódios e das comparações de campanhas. O principal legado para os atletas do País será fazer com que as pessoas com deficiência saiam do sedentarismo e comecem a praticar esporte.
Medalha de prata nos pares da classe BC4 da bocha na Paralimpíada no Brasil, após quatro ouros no individual e por equipes em Pequim 2008 e Londres 2012, Dirceu Pinto é representante de uma modalidade que reúne atletas com algumas das paralisias mais severas. Nem por isso, eles se resignaram a ficar em suas casas.

“O número de atletas no Brasil vai aumentar. Nós já temos várias pessoas nos procurando para fazer o esporte paralímpico e acredito que daqui a quatro anos o Comitê Paralímpico Brasileiro vai ter uma dificuldade muito grande para escolher quais atletas levar para Tóquio”, opinou Dirceu, que tem uma doença muscular degenerativa. Para ele, a maior divulgação na mídia sobre as competições despertará o interesse das pessoas. “A informação de que existe esporte de alto rendimento para os deficientes, graves ou não, chegou às famílias brasileiras. Acredito que agora eles vão sair de casa.”

Reclusão que era vivida por Evelyn Vieira, também da bocha, e que foi medalhista de ouro por equipes na classe BC3 nos Jogos do Rio. “Eu sou um exemplo disso. O esporte foi uma ferramenta transformadora na minha vida. Eu vivia essa realidade da pessoa com deficiência dentro de casa, só família e estudo, sem muito contato com a sociedade. Quando passei a praticar o esporte descobri que os limites que eu acreditava que tinha, na verdade não existiam, e passei a superá-los.”

O caso da Grã-Bretanha, que reúne um conjunto de países (Escócia, Inglaterra, Irlanda do Norte e País de Gales) competindo sob a mesma bandeira, é emblemático. Menos de um ano após sediar os Jogos de Londres 2012, a nação teve um aumento de mais de 30% no número de praticantes em algumas modalidades paralímpicas (hipismo, 33%; goalball, 31%; ciclismo, 25%; bocha, 23%; natação, 20%; e vôlei sentado, 20%, são os principais exemplos).

O resultado foi que os britânicos, que já haviam conquistado um excelente resultado em casa, terminando em terceiro com 120 medalhas (34 ouros, 43 pratas e 43 bronzes), nos Jogos Rio 2016 melhoraram o desempenho e ficaram em segundo com 147 pódios (64 ouros, 39 pratas e 44 bronzes). “O sucesso nos Jogos do Rio começou depois que as pessoas acompanharam de perto as competições em Londres, e isso despertou essa paixão pelo esporte. A gente tem visto mais acesso à prática do esporte. Muitas pessoas vieram falar comigo e disseram que após os Jogos ficaram motivadas a praticar alguma atividade, porque há tempos não se exercitavam”, revelou Karen Bradley, secretária de Estado para Esporte e Cultura britânica.
No dia Nacional Paralímpico britânico de 2013, uma pesquisa foi feita com 18 mil pessoas, e 37% dos entrevistados disseram que foram inspirados a fazer um esporte que não praticavam anteriormente como consequência direta da data, na qual é realizada diversos eventos.
O presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), Andrew Parsons, pretende manter uma agenda grande de eventos e trabalhar com os nossos principais atletas para que o paradesporto no país continue a crescer. Candidatos ao posto de ídolo não faltam, ainda mais que o Brasil diversificou o número de modalidade com medalhas.
“Sempre falavam em atletismo e natação, agora, nós medalhamos em 13 modalidades, algumas inéditas como halterofilismo, ciclismo, vôlei sentado e canoagem, outras que voltam a medalhar como hipismo e tênis de mesa, que também teve a sua primeira medalha no individual. É um bom sinal que a gente consegue diversificar e atrair atletas para essas modalidades. As medalhas atraem, e as pessoas têm seus ídolos”, analisou.
Fonte: Portal Brasil, com informações do Ministério do Esporte

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